segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Ato Adicional de 1834

        Hoje em dia é muito comum ouvirmos nos noticiários que os deputados e senadores estão votando ou discutindo sobre uma “emenda constitucional”. O que seria isso? A emenda é um acréscimo à Constituição do país, sua lei maior.
         O Ato Adicional de 1834 é uma emenda à Constituição de 1824, única elaborada no período imperial, e mostra que, após cerca de dez anos de sua realização, suas orientações já não davam conta de responder as necessidades do Brasil.
       O Ato Adicional de 1834 foi aprovado pela Lei nº. 16 de 12 de agosto de 1834, pela regência trina permanente. Seu objetivo era conciliar os interesses de liberais moderados e restauradores em disputa pelo poder e temerosos da instabilidade política do país, e do avanço dos liberais exaltados. Ocorre que após a abdicação de Dom Pedro I, várias revoltas em diversas localidades geravam muita tensão entre as elites. Assim, o Ato Adicional surgia como uma tentativa de contornar essas dificuldades.
Vejamos suas principais alterações na Constituição:

Foi extinto o Conselho de Estado, que era controlado pelo Imperador;
A extinção do Conselho de Estado dava fim ao grupo de assessores políticos que auxiliavam o imperador no exercício do autoritário Poder Moderador. Com a extinção do Conselho de Estado, o poder moderador, que era exclusivo do imperador, mantinha-se sem utilização. Ou seja: existia na lei, mas não na prática.

Criou-se o município neutro do Rio de Janeiro, separado dessa província, para ser a sede da corte e capital do Império.

Com essa medida, o território do Rio de Janeiro passava a ser politicamente autônomo em relação à província do Rio de Janeiro, que agora teria sua sede em Niterói. Isso fazia com que a principal cidade do Império (o Rio de Janeiro) passasse a se vincular única e exclusivamente com o poder central da monarquia.



A regência Trina foi substituída pela Regência Una (ou seja, ao invés de ter 3 regentes governando, teria apenas um). Esse regente seria eleito pelo voto secreto, para um mandato de 4 anos;
Na verdade, essa conquista em nada modificava o problema da exclusão política no país. Respeitando às leis eleitorais da Constituição, somente as pessoas que comprovassem uma determinada renda poderiam votar e lançar candidatura. A modificação da regência trina para a una mostra um lado mais centralizador do Ato Adicional.
Regentes da Regência Una: Diogo Antônio Feijó não completou o mandato, renunciando em 1837, assumindo em seu lugar Pedro de Araújo Lima. (foi Araújo Lima quem propôs a lei interpretativa do ato adicional de 1834 ).



Os Conselhos Provinciais foram transformados em Assembleias Legislativas Provinciais, que tinham poder de criar leis que interessassem às províncias. Elas foram criadas para proporcionar autonomia política e administrativa às províncias no intuito de atender as demandas locais como, economia, justiça, educação, entre outros;
Através dela os representantes políticos locais controlariam a arrecadação de impostos e os gastos do poder local. Também legislavam sobre assuntos civis, judiciários e eclesiásticos. As Assembleias poderiam nomear os vice-presidentes das províncias e ainda decidir sobre a abertura e manutenção de estradas, penitenciárias e outras obras públicas.
Além de criarem leis, os membros dessa assembleia tinham autonomia para nomearem os funcionários do governo. Com o passar do tempo, essa nomeação se transformou em barganha política destinada à compra de votos.
Com a extinção dos Conselhos Gerais Provinciais, de caráter consultivo, e com a criação dessas Assembleias, as províncias passaram a exercer um poder e uma autonomia inéditos no Brasil Imperial. Essa foi a principal medida descentralizadora promovida pelo Ato Adicional.
A criação do município neutro e a formação da regência una foram algumas das características do ato adicional que mostravam um lado centralizador, afinal esse Ato foi uma medida conciliatória de grupos que desejavam mais e menos autonomia para as províncias.
Assim, a reforma na Constituição tentava agradar esses dois grupos políticos em algumas de suas reivindicações. 

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